segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Verdura


De repente
me lembro do verde
da cor verde
a mais verde que existe
a cor mais alegre
a cor mais triste
o verde que vestes
o verde que vestiste
o dia em que te vi
o dia em que me viste

De repente
vendi meus filhos
a uma família americana
eles têm carro
eles têm grana
eles têm casa
a grama é bacana
só assim eles podem voltar
e pegar um sol em Copacabana.

(Poesia de Paulo Leminsk, musicada por Caetano Veloso)

domingo, 25 de outubro de 2009

Maré

Tem dias que tudo parece como o sopro do ar
Tem dias que a sorte se lança como um dardo a jogar
A gente tem que aguentar co'a voz firme que tem
que seja por mais um instante, depois deixa tudo no além
assim leva a vida cantando, nadando junto do mar
é só a correnteza passar, você vai ver que vai melhorar

domingo, 18 de outubro de 2009

Dos Bons.

Aqui vai um texto que gosto muito de Paulo Leminski.


O Assassino era o Escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1° conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo com um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

A pausa e o recomeço

Ontem me deu uma vontade tremenda de ler Decartes "O Discurso do Método" e mesmo o achando um tanto tolo vi ali uma vontade infantil de querer escrever para si e ser julgado por outros. Gostei , afinal até Decartes teve este tipo pensamento. E me reanimou. Por isso, chega de dar um tempo. Chega dessa falta de imaginação, estou de volta ! :D

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Em dias de frio as coisas parecem mais tristes mas também mais certas, o mundo parece ser sempre o mesmo, eterno adolescente sem jeito.
Em dias assim eu fico como o mundo, triste com sua história, querendo mudar os rumos das coisas. Fico utópica e pensativa, viajo no ideal em busca de sonhos e me perco entre eles.
Mas no fim fico eu com meu dia comum, e tudo resguardado no pensamento. Afinal precisamos viver aqui neste mundo e não na nossa linda utopia.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Caíu.

Hoje escrevo ouvindo um tango no castigo da minha solidão e penso -por que não? -o que eu fiz por todo esse tempo andando com pessoas que não me entendem e não ligam para como penso ou me sinto, e foi aí que tudo caiu. Mas não caiu de verdade, já havia caído.
Vou contar.
Era noite a rua estava cheia e nossos sorrisos escorriam pelas beiras do cimento sujo lá do centro da minha cidade, e então, caiu. Foi simples assim. Eu senti ali mesmo que não havia motivos. Devia acabar com toda aquela falsidade, e acabei. Mas talvez motivo de tanta tristeza seja ainda não ter desistido desta falsidade.
Então, fui atrás de flores. Comprei duas, vermelhas e esbeltas. São tão tristes e mortas que posso sentí-las chorando e , cá entre nós, quando estamos tristes ver alguém mais triste nos faz sentirmos melhores. Não que a tristeza dos outros nos deixe felizes, mas nos sentimos tolos, e isso basta para nos fazer sentir melhor.
Quanto ao tango, nenhum vazio. Nenhuma raiva ou tristeza. Só pensamentos, e era assim que eu queria. Por hoje, apenas pensar. .

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Fer-21

Toda a solidão presa na paz daquela trilha mostra o esplendor do mundo, o silêncio contempla a suave natureza e seu sol ilumina o verde agreste desta bela terra.

sábado, 5 de setembro de 2009

E do que teve medo?

No início , de crescer, crescer e virar alguém, de entender o mundo. Deixar a fantasia para trás e virar alguém.Passou um tempo e o medo mudou, virou medo de não ser alguém, medo de não conseguir entender o mundo. Daí em diante o medo cresceu, se transformou em algo maior. Foi mais como uma chama, cheia de dúvidas e desesperos do mundo adulto. Cheia de realidade, gastos, erros, mortes, paixões e guerras, para todos os lados as guerras. E veio com a chama a incerteza de ter e ser alguém. Com o passar dos anos, porém, o medo diminui. Veio a certeza de ser e ter alguém. Porém, nasceriam mais temores, aqueles inexplicáveis ligados à dúvida de viver e morrer. Aquele medo de não ter vivido tudo o que deveria se viver.

Mas então, uma única certeza, que haveria de voltar para casa.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Unidade 1

Vim contar-lhes sobre a minha manhã, que foi um tanto diferente, ao meu dizer.
Ao chegar num pronto socorro em meio a terrível crise e constantes casos da nova gripe, me senti um tanto estranha por não conhecer minha situação atual. Ainda mais forte foi minha culpa que transbordava perante os olhos daquelas crianças de máscaras , ao lado mães e pais preocupados, atentos a qualquer movimento diferente feito por outro paciente também mascarado.
Fui ao balcão passar meu diagnóstico e, imaginem só, tive a terrível notícia de que a máscara era necessária, no meu caso.
Eu que não sou lá tão crescida, senti que os olhos maduros se dirigiam a mim com tanta delicadeza e disfarce ao ponto de causar certa euforia e tristeza. Mamãe não ligou. Enquanto seu auxílio para vestir-me a máscara, um senhor me olhava como se fosse eu, a criança perdida. Senti-me nova. Desprotegida.
Aqueles olhos me fitavam de tal maneira a querer me esconder, fugir, estar em qualquer canto, menos ali, naquele lugar mórbido para onde vão os que querem mais tempo.
O senhor fora chamado a consulta, enquanto eu fiquei a olhar a garotinha. Aquela menina, tosse forte, rosto empalidecido, medo. Era fácil ver tais aspectos em sua face.
Me senti o velho senhor a olhar a jovem mocinha.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

81 %

São milhões de vazios, uma falta de ar, um enjôo contínuo, uma falta de você.
Uma raiva de você.
Uma saudade amiga.
Um suspiro.
Um pensamento.
Uma dúvida.
Uma letra.Duas.Três.
Uma lágrima.


domingo, 16 de agosto de 2009

Lar

Um livro, uma rede de bom grado.
Um canto, talvez dois ou mais. Qualquer silêncio.
Um clarão, poucas vozes. Um sonhador em sua toca.
Toda paz envolvente.
Um sorriso.Pronto.Está completo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vai e Vem de Pensamentos

'Posso te dizer uma coisa?'
'Pode...'
'Eu tô afim de você'
'Mas você...droga,é culpa minha.Eu não imaginei que você entenderia assim.'
'Mas você dizia de um jeito,eu não sabia se era sério ou não.'
'Eu me aproximei de você por que te acho legal,eu gosto de conversar sabe?'
'É, eu sei.'
'Mas não é dessa forma.Posso ir embora?Não tô me sentindo bem aqui.'
'Não precisa ficar assim,não tem problema.Eu te entendo.Mas fica,nós ainda somos amigos..'
'Eu fico,vou embora quando ele for também.'
'Você é quem sabe'
'Tchau.'
'Tchau.'

terça-feira, 21 de julho de 2009

Hey!

Cada dia é um dia e o amanhã espera que um passo seja dado para o outro lado.
Posso eu mudar completamente o rumo desta história?

Então, deixa comigo.

Sabe,antes eu nem olhava pra ela.

'A fila anda vai chegar a sua vez'
Não quero minha vez.Já me irritou o suficiente para, sei lá, por que 'vai chegar a sua vez?'
para jogar na cara um 'você é bobinha garota!'?
Droga.É chato ser assim como eu sou e não ter coragem para mudar.
Por algum motivo eu gostei de você.Mas destruir isso em quinze minutos? Isso pode?
Por que eu sempre escrevo secretamente palavras a alguém tão longe de mim?
Não importa quem eu sou?
Não importa nada, só a roupa.A atitude.
E depois, tem mais alguém.Você disse logo sem grandes delongas para não machucar muito,ou por que não liga mesmo,quando ela passa seu mundo enche de luz?
E eu fico irritada só de ficar meia hora sem você.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Droga de você

Eu só queria que ele me deixasse em paz.
Mas agora, tudo o que eu tenho é ele.
Não te tenho.Meu bem querer se afastou.
Tráz de volta minhas penas que eu te quero aqui bem perto.
Do meu lado a toda hora, por favor não vá embora.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Centro Norte

Ficou comigo, mais uma vez, aquilo que tanto lhe importava.Pensei um tanto aqui comigo como avisar-lhe desta perda.
Só eu sei tão bem, quanto tudo o que já vi, que meu pensamento estava apenas a me distrair. Levava-me a algum canto distante onde no mundo bastava só você.Assim fingi me importar com sua perda.Não me importei, saiba.
Fiquei aqui esperando seu adeus buscar o homem e bem tarde passei pelo real e lhe trouxe a notícia.
Cá está, venha buscar. Te espero no eterno.

domingo, 12 de julho de 2009

Junho, 25.

Havia naquela sala um suspiro desconcertante de uma dama. Por essa noite haviam dormido, todos, em silêncio.
O dia que viera a seguir era chuvoso. Estavam as lágrimas a correr pelos céus, em todos os cantos o silêncio tocava o esplendor.
No segundo dia tudo estava tão mais triste.
Foram alguns alegrar a jovem que ficava sempre ali, sentada no canto do salão.
Ora, ora! Quem diria que hoje você estaria com trajes tão...festivos!
Deixe-me, sim?
Não havia qualquer interesse em sua voz. Não houve o menor arrependimento.
Encolheu-se então sobre aquele tecido um tanto rosado e um pouco curto.
Tudo o que veio em sua mente era triste demais, sua vida pouco importava.
Quem realmente era ele?
Quem foi o homem que morreu?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Conflito

É aqui que morre a arte que eu tenho bem guardada
seu medo não retrata toda vida já passada
a escrita não coloca tudo no papel
já quis eu entender o porquê da morte da beleza
lava tudo com o tempo nada deixa e fica a Bossa
toca longe lá por baixo, no fim da rua está o som
deixa tristeza e leva a arte
que já não é mais o que se espera de quem nada faz do hoje.

domingo, 5 de julho de 2009

Fofa

Nem havia me desfeito de todos os sorrisos da noite anterior quando interviram-me com um sussurro avassalador:
"Entre no mundo, seja alguém!"
Desesperador.Fui atrás de você mas a terra vermelha havia cobrido as pegadas deixadas por nós.
Há anos não corria para trás deparada com minha própria realidade.Por que alguém tão fora do meu mundo gostaria de me resgatar?
Afoguei-me num reflexo indefinido, não levantei as mãos para que alguém me buscasse.
Não deixei exposta minha vontade de fugir.
Não andei para o lado contrário.
Não corri para meu abrigo.
Não te encontrei.
Não chorei às escuras.
Não, não, não.

Mas mesmo assim alguém me descobriu.Obrigada.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Jc.

Eu mudei? não, eu não mudei.
isso é bom?
será ruim?
no fim você estará aí a olhar para mim
e sem saber o porquê, sorrirei
e você saberá como me tratar
seja como for não será como eu quiser, vai ser difícil.Vou tentar.
Tenho que mudar, sem medo , nada de mais, acontece sempre, com todo mundo.
Mudam a essência, até isso mudam, então não me julgue por mudar por alguém. Só quero seu sorriso mais perto de mim.

domingo, 14 de junho de 2009

Oi

Deixei umas peças de roupa para poder voltar por lá, não que eu precise mentir, mas preferi deixá-las para o caso de nos afastarmos, você sabe, tenho medo de perder meus amigos.
Lembra daquela mulher que sorria?Faz tempo, tente lembrar, era lindo me deixava bem, hoje ela cansou.Estava pesado seu sorriso, um sopro e ela cairia em lamentos.
Pois bem, chateou-me saber disso, eu que nem havia saído das minhas lembranças com você, caí no real e vi que o mundo estava triste, algum mundo, o meu.
Me deixei esquecer, então, sobre nós, só por hoje.Não me entenda mal. Já me basta a ilusão de ser real , quanto mais inventar outra vida. Preferi assim.
Pode devolver as mudas de roupa se quiser,você quem sabe, desde que fui aí pela última vez não fez calor, não sinto falta desses trapos,achei que fosse sentir. Confesso que fiquei triste por isso mas é melhor não te enganar, não fez lá tanta falta quanto imaginei, também, por deus como o tempo passa rápido!!
Quer saber, deixa as peças aí, qualquer dia eu busco.