quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Unidade 1

Vim contar-lhes sobre a minha manhã, que foi um tanto diferente, ao meu dizer.
Ao chegar num pronto socorro em meio a terrível crise e constantes casos da nova gripe, me senti um tanto estranha por não conhecer minha situação atual. Ainda mais forte foi minha culpa que transbordava perante os olhos daquelas crianças de máscaras , ao lado mães e pais preocupados, atentos a qualquer movimento diferente feito por outro paciente também mascarado.
Fui ao balcão passar meu diagnóstico e, imaginem só, tive a terrível notícia de que a máscara era necessária, no meu caso.
Eu que não sou lá tão crescida, senti que os olhos maduros se dirigiam a mim com tanta delicadeza e disfarce ao ponto de causar certa euforia e tristeza. Mamãe não ligou. Enquanto seu auxílio para vestir-me a máscara, um senhor me olhava como se fosse eu, a criança perdida. Senti-me nova. Desprotegida.
Aqueles olhos me fitavam de tal maneira a querer me esconder, fugir, estar em qualquer canto, menos ali, naquele lugar mórbido para onde vão os que querem mais tempo.
O senhor fora chamado a consulta, enquanto eu fiquei a olhar a garotinha. Aquela menina, tosse forte, rosto empalidecido, medo. Era fácil ver tais aspectos em sua face.
Me senti o velho senhor a olhar a jovem mocinha.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

81 %

São milhões de vazios, uma falta de ar, um enjôo contínuo, uma falta de você.
Uma raiva de você.
Uma saudade amiga.
Um suspiro.
Um pensamento.
Uma dúvida.
Uma letra.Duas.Três.
Uma lágrima.


domingo, 16 de agosto de 2009

Lar

Um livro, uma rede de bom grado.
Um canto, talvez dois ou mais. Qualquer silêncio.
Um clarão, poucas vozes. Um sonhador em sua toca.
Toda paz envolvente.
Um sorriso.Pronto.Está completo.